Parceria com Laudes Foundation fortalece trabalho do FICAS com migração
Com apoio financeiro e técnico, um novo olhar foi trazido para a mobilização de recursos e comunicação do FICAS.
Criar condições para o FICAS ampliar e fortalecer parcerias de apoio financeiro e técnico ao trabalho que vem desenvolvendo junto a mulheres migrantes é o objetivo central da parceria com a Laudes Foundation, com duração de maio a dezembro de 2020. Em um cenário de adversidades geradas pela pandemia de Covid-19, que impacta e demanda especialmente do campo social, esse apoio tem trazido elementos também para o fortalecimento institucional do FICAS.
Os oito meses de apoio envolvem uma consultoria em mobilização de recursos, que busca manter e ampliar os projetos com mulheres migrantes e identificar novos apoiadores, parceiros e ações com os quais a organização possa se engajar. Além do investimento na comunicação para que as ações e projetos desenvolvidos pelo FICAS no campo da migração sejam mais conhecidos.
A parceria também possibilitou consultorias curtas, sobre temas específicos relacionados a sustentabilidade e sistematização de processos, com Domingos Armani e Janaína Jatobá, via Non Profit Builder, plataforma de capacitação para organizações sem fins lucrativos, financiada por fundações com programas internacionais (fora dos Estados Unidos), dentre elas a Laudes Foundation. Os consultores convidados compõem o que é chamado de “inteligência coletiva” da comunidade e podem atuar nos diversos contextos locais.
“Até o momento, já criamos um novo banco de parceiros, desenhamos novas estratégias de comunicação, inscrevemos projetos em editais, entre outras atividades. Tudo tem sido desenvolvido virtualmente, inclusive no que se refere à relação com parceiros financiadores para negociação de projetos, pois todos estamos nos adaptando a esse novo modelo de trabalho em um cenário de pandemia”, afirma Helda Oliveira Abumanssur, consultora responsável pela mobilização de recursos. “Sigo colhendo informações técnicas e da riqueza da implementação das iniciativas em curso para trazer para os projetos em elaboração. Já é possível identificar uma ampliação ou retomada de conexões com instituições que têm potencial de se tornarem parceiras do FICAS“, conta.
Desde 2018, a migração e o refúgio têm sido temas-chave da atuação do FICAS, com a realização do Programa de Formação de Coletivos de Migrantes e Refugiadas/os, que está em seu terceiro ano e é uma parceria estratégica com a Fundação Avina e a Missão Paz, com contribuições do Instituto C&A em 2019 e do Instituto Consulado da Mulher em 2020. Também foram realizadas iniciativas com o IMDH (Instituto de Migração e Direitos Humanos), com a Rede Solidária para Migrantes e Refugiados (RedeMiR), a Scalabrini International Migration Network, o Serviço Jesuíta a Migrantes e Refugiados, entre outros parceiros, além da participação na produção de duas publicações sobre a temática.
> Saiba mais sobre a Laudes Foundation e a Non Profit Builder.
Direitos dos imigrantes: FICAS apoia carta compromisso para candidatos
O FICAS assinou, ao lado de dezenas de instituições, carta para os candidatos de São Paulo se comprometerem com a causa da migração.
“Orientar minhas decisões para aprovar leis e implementar ações necessárias à garantia de direitos ao acolhimento e integração de migrantes, refugiados e apátridas” é o primeiro item da carta destinada aos candidatos à Prefeitura e Câmara Municipal da cidade de São Paulo neste ano. Lançado no dia 29 de setembro de 2020, o documento é assinado por um grupo de 39 instituições e coletivos que trabalham com a temática migratória na capital e representam a sociedade civil organizada.
O FICAS assinou a carta que propõe um compromisso à garantia de direitos da população imigrante na cidade, convidado pela Missão Paz, instituição de referência no tema e parceira do FICAS nesse campo desde 2018.
A carta lista 13 questões de interesse, como: o cumprimento do 1º Plano Municipal de Políticas para Imigrantes (2021-2024); apoio a iniciativas de inclusão econômica, laboral e social; qualificação e ampliação da capacidade dos centros de acolhida; fortalecimento de ações e políticas públicas para erradicar o trabalho escravo e infantil e enfrentar o tráfico de pessoas; além de rechaçar práticas xenófobas, racistas, de discriminação religiosa, de gênero ou quaisquer outros tipos.
As diretrizes buscam “o cumprimento de normas e princípios constitucionais e internacionais de direitos humanos e considerando ser a mobilidade humana um fato social, econômico, político e cultural intrínseco a todos os povos no mundo“. Segundo dados levantados junto à gestão municipal pelo portal Migramundo, especializado em migração, atualmente vivem em São Paulo 360 mil imigrantes de 197 nacionalidades.
“Essa iniciativa é fundamental para comprometer as/os candidatas/os de São Paulo e também para jogar luzes nas questões desafiadoras que envolvem os migrantes e refugiadas/os no Brasil. Como por exemplo, a invisibilidade em que vivem e a xenofobia que enfrentam. No trabalho que estamos desenvolvemos com mulheres migrantes, esses são dois pontos que trabalhamos o tempo todo, além de sensibilizar órgãos públicos e comunitários. Temos orgulho de fazer parte desse grupo de organizações”, declara Andreia Saul, idealizadora do FICAS.
> Leia a carta na íntegra aqui.
> Confira as organizações signatárias da carta em matéria do portal Migramundo.
“Amor recíproco” é nome de iniciativa que distribuiu máscaras para migrantes
Projeto apoiou a produção de um total de 5 mil máscaras de proteção e gerou renda para costureiras bolivianas de São Paulo.
Khuyanakuy significa “amor recíproco” em quechua e foi a palavra escolhida por costureiras bolivianas para nomear as máscaras de proteção que produziram para a população migrante em situação de vulnerabilidade em São Paulo. A iniciativa é fruto de uma parceria entre o FICAS, a Fundação Avina, o Instituto C&A, o Instituto Consulado da Mulher e a Missão Paz.
Durante o mês de agosto de 2020, o grupo de 28 costureiras produziu 2 mil unidades do acessório aliado na contenção da pandemia de Covid-19. As máscaras foram entregues gratuitamente a migrantes e refugiadas/os atendidos pela Missão Paz, pela Presença da América Latina (PAL) e pelo Centro de Direitos Humanos e Cidadania do Imigrante (CDHIC).
Para o CDHIC, foram montados 300 kits com máscaras e álcool em gel a serem distribuídos a migrantes em alta vulnerabilidade social, na zona leste de São Paulo. A inclusão do álcool em gel foi uma mobilização do próprio grupo de costureiras, que entrou em contato com a Secretaria de Direitos Humanos e conseguiu a doação do produto pela Cruz Vermelha.
O Projeto Khuyanakuy já havia produzido e distribuído 3 mil máscaras de proteção no mês de junho, que foram distribuídas pela Missão Paz. Com os dois ciclos de produção, foi gerada uma renda de aproximadamente R$ 1.000,00 para cada uma das mulheres. A maior parte do grupo de costureiras participa do Programa de Formação de Coletivos de Migrantes e Refugiadas/os, uma formação promovida em parceria estratégica do FICAS com a Fundação Avina e Missão Paz há três anos.
“Durante a pandemia, nos deram a oportunidade de produzir as máscaras de doação e foi um aprendizado muito rico! Foi tipo uma independência financeira. Tivemos que abrir contas bancárias próprias, passo a passo, entrar em contato com toda essa tecnologia por internet. A gente pode ver mudanças nos pensamentos, nas atitudes. Eu só tenho que agradecer o convite e oportunidades ao FICAS, a todas as organizações envolvidas e todas as mulheres que participaram comigo”, declara Laura Suárez, participante do Projeto Khuyanakuy e do Programa.
“Com o Khuyanakuy, foi a primeira vez que as mulheres participaram de um processo de produção como um todo, com a oportunidade de pensar do molde até a marca, a embalagem e a distribuição, coisa que não têm oportunidade dentro do dia a dia do trabalho com costura para confecções”, conta Bira Azevedo, um dos responsáveis pelo Programa.
> Veja fotos da entrega das máscaras no Facebook do FICAS.
> Saiba mais sobre os parceiros: Fundação Avina, Instituto C&A, Instituto Consulado da Mulher e Missão Paz.
“Conversas que fortalecem” ganha agenda mensal
A edição de setembro dos encontros virtuais teve como foco a sustentabilidade das organizações da sociedade civil.
O quarto encontro das Conversas que Fortalecem foi realizado virtualmente pela plataforma Zoom no dia 29 de setembro de 2020, às 15 horas, e trouxe uma novidade: a partir de agora as conversas acontecerão toda última terça-feira de cada mês! A iniciativa gratuita, uma parceria do FICAS, Instituto Fonte e Instituto Nacional de Desenvolvimento Social e Qualificação Profissional (IDESQ), teve como tema de setembro a “Sustentabilidade das instituições no campo social”.
O objetivo das Conversas que Fortalecem é promover a troca e reflexão sobre como as organizações da sociedade civil, profissionais do setor e demais atores estão enfrentando as adversidades do contexto atual de pandemia de Covid-19. Já participaram dos encontros mais de 60 representantes de organizações de diversos locais do país.
“Na terceira conversa, abrimos um espaço de reflexão sobre o formato, a pertinência e a periodicidade dos encontros. Foi expresso pelo grupo o desejo de continuidade e que encontros mensais seriam o melhor, por ser um tempo nem muito curto e nem tão longo entre um e outro, e seria mais viável para a agendas dos participantes”, conta Eudázio Nobre, gestor administrativo do IDESQ, de Fortaleza (CE). “Espero que possamos encontrar maneiras de compartilhar nossos fazeres, tecer parcerias e nos fortalecermos enquanto campo social“, afirma.
“Eu me interessei em participar das Conversas que Fortalecem porque acredito que o caminho de superação é e sempre será de forma coletiva. Acredito na possibilidade de levantar uma nova rede de organizações para estabelecer uma ajuda mútua diante das mudanças societárias que estamos passando e que este novo caminhar é um marco histórico de atuação nas questões sociais atuais”,declara Jania Paula Gomes, mobilizadora de recursos do Centro de Direitos Humanos Dom Oscar Romero – CEDHOR, de Santa Rita (PB). “Dos temas abordados, gostaria de destacar a sustentabilidade e também as dificuldades evidentes das organizações de enfrentar momentos instáveis e crises”, completa.
Com uma agenda fixa mensal, o objetivo é preservar esse espaço seguro de diálogo e ampliar a participação para cada vez mais organizações. Os links das futuras conversas serão divulgados nos canais de comunicação dos organizadores.
> Saiba mais sobre os parceiros: Instituto Fonte e Idesq.