FICAS em Ação 86 – Abr/21

Nova parceria do FICAS fortalece projetos do Enfrente Estruturantes

A assessoria consiste em uma formação em gestão para 15 projetos apoiados pela iniciativa da Fundação Tide Setubal.

Uma das grandes parcerias firmadas com o FICAS nesse primeiro semestre foi a assessoria para a Fundação Tide Setubal, que inclui uma formação em gestão e acompanhamento técnico para fortalecimento de 15 projetos apoiados pelo Matchfunding Enfrente Estruturantes realizado em parceria com a Benfeitoria.

Um dos objetivos é qualificar o desenvolvimento e o olhar estratégico para o contexto comunitário, local e nacional, incluindo políticas públicas e questões estruturais para que os projetos e organizações possam gerar mudanças sociais relevantes e duradouras, inclusive com ações articuladas que potencializem as lutas das causas específicas. 

No total, serão realizados 18 encontros virtuais quinzenais, que estão acontecendo às quartas-feiras desde abril. A assessoria também prevê dois encontros para avaliação e levantamento de aprendizados, além de 15 horas de atendimentos individuais com cada organização os participantes. “Com a pandemia de Covid-19 e a necessidade de distanciamento social, a gente está aprendendo a repensar as experiências e metodologias, pois o tempo de aprendizado é outro virtualmente.  Estamos encontrando outras formas de propôr diálogos, de aprofundar reflexões e criar canais para que cada um possa ter autonomia de se desenvolver”, comenta Bira Azevedo, um dos consultores do FICAS responsáveis pela formação.  

O conteúdo está dividido em três eixos: o de Identidade, que aborda trajetória, visão de futuro, governança e liderança, mudanças sociais e ferramentas de gestão financeira e planejamento; o de Articulação, que trabalhará ferramentas de mapeamento comunitário e de análise do contexto, mobilização social, de recursos e comunicação; e o de Atuação, que promoverá reflexões sobre as concepções e o sentido do projeto, além de ferramentas de monitoramento e avaliação.

“O apoio do Enfrente ao projeto ‘Preparando o novo futuro‘ financia a adaptação para o mundo digital do nosso cursinho pré-vestibulinho para adolescentes do 9º ano, que acontecia presencialmente na Brasilândia, em São Paulo. Estamos criando conteúdos para serem disponibilizados numa plataforma digital que poderá ser acessada por internet privada, por uma rede comunitária de wifi ou em organizações e escolas parceiras no território. Os alunos serão divididos em pequenos grupos, que serão acompanhados nos estudos por tutores e professores”, explica Daniel Mariano, diretor social da Associação Pipa, responsável pelo projeto. A formação conduzida pelo FICAS tem sido muito importante, pois nos provoca e nos ajuda a refletir, a organizar e construir realmente uma metodologia do que a gente está fazendo, porque acabamos sendo muito práticos no dia a dia. Um dos nossos objetivos é construir essa metodologia e compartilhar para que outros territórios, organizações e coletivos possam replicar o que a gente está desenvolvendo aqui”, completa.

“O projeto CataRua busca promover a inclusão socioeconômica de catadores em situação de extrema vulnerabilidade social em Salvador (BA) e será desenvolvido por um período de três anos em parceria com uma startup de solução digital. O projeto propõe soluções de mobilização social, articulação de parcerias, organização econômica e inserção de tecnologias inovadoras para melhorar as condições de renda e trabalho”, compartilha Annemone Santos da Paz, diretora da Federação Catabahia que desenvolve o projeto. O apoio do Enfrente seria como ganhar uma ‘vara de pesca’ e a formação com o FICAS um treinamento para ‘aprender a pescar’, afirma a coordenadora do projeto CataRua.  

Sobre o Matchfunding Enfrente Estruturantes

Os projetos selecionados pela iniciativa têm sua arrecadação triplicada através do matchfunding, ou seja, para cada R$ 1 colaborado pelo público mais R$ 2 são investidos pelo Fundo Enfrente. Até 31/mai/21 estão abertas as inscrições para a nova chamada que convoca iniciativas emergenciais para recuperação de micro e pequenos negócios periféricos afetados pela pandemia. Idealizada pela Fundação Tide Setubal, em parceria com a Benfeitoria, a plataforma colaborativa selecionará 150 projetos para apoiar a geração de trabalho e renda nos territórios. 

> Inscrições aqui: https://benfeitoria.com/canal/enfrente.


 

FICAS conduz planejamento estratégico do Intervozes

Trabalho está em andamento com o coletivo que tem como foco o direito à comunicação e à liberdade de expressão.

O Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social conheceu o trabalho do FICAS durante o encontro anual da Plataforma dos Movimentos Sociais pela Reforma do Sistema Político, facilitado pelo FICAS em parceria com a Abong em fevereiro deste ano. O coletivo acabou firmando uma parceria voltada ao fortalecimento institucional a partir de seu planejamento estratégico para 2021-2022.

Com 18 anos de existência, o Intervozes luta pelo direito à comunicação, pela liberdade de expressão e por uma mídia democrática, e é formado por ativistas e profissionais com formação nas áreas de comunicação social, direito, arquitetura, artes e outras, que se encontram em 15 estados brasileiros.

A proposta inicial de trabalho, realizada entre os meses de março e abril, incluiu cinco encontros virtuais, além de momentos individuais com a equipe. Os encontros seguiram um fluxo para a construção do planejamento, partindo do balanço das ações de 2020, seguido da construção de indicadores para 2021, além de trabalhar a dinâmica da equipe (estrutura e fluxo de trabalho), construir um plano de ação e de monitoramento e levantar as aprendizagens do processo. Também foi feita a sistematização do “Programa para adiar o fim do mundo”.

“A assessoria vai contribuir para nossa organização interna, para que a gente tenha nossas atividades distribuídas num calendário e entre a equipe, de uma maneira clara, para que cada um saiba suas responsabilidades. Também já tem nos ajudado muito a pensar como melhorar os instrumentos para medir os impactos das nossas ações e atividades, de maneira que a gente possa ver onde botar mais energia, de uma maneira mais estratégica, a médio e longo prazo, que não seja só atendendo a demandas urgentes”, declara Iara Moura, coordenadora executiva do Intervozes.

Iara destacou a metodologia do FICAS como um dos pontos positivos da parceria. “Muito cuidadosas as metodologias empregadas, gostei bastante e acho que vai ajudar muito nosso trabalho nesse ano. Tivemos uma avaliação muito positiva de toda a equipe! Eu destacaria muito o instrumental do plano de ação e como a gente foi construindo coletivamente com a assessoria do FICAS, além dos momentos de assessoria individuais, que foram muito ricos”, conta. As atividades de abertura, de entrosamento, de presença e para estimular a criatividade utilizaram metodologias muito interessantes, que nos ajudaram muito“, completa.

Durante os encontros, foi identificada que a necessidade de auto-cuidado é uma questão central nesse momento da pandemia de Covid-19, quando toda a equipe está trabalhando em home office e o país passa por um contexto de crise sócio, político e econômica. Estão previstas novas atividades para criação de espaços e momentos de auto-cuidado, além de um acompanhamento do plano de ação construído no processo.

> Saiba mais sobre o parceiro: https://intervozes.org.br.


 

Laudes Foundation apoia fortalecimento institucional do FICAS

Parceria permitiu um investimento em comunicação estratégica e mobilização de recursos voltado ao trabalho desenvolvido com migração.

Depois de oito meses de parceria, chegou ao fim no início de 2021 o apoio técnico e financeiro oferecido pela Laudes Foundation para investimento no fortalecimento institucional do FICAS, incluindo uma mobilização de recursos voltada especialmente ao trabalho com mulheres migrantes. Em um contexto de adversidades geradas pela pandemia de Covid-19, a parceria possibilitou rever processos, investir em consultorias e ferramentas para uma comunicação mais estratégica e a adoção de práticas sistemáticas para uma mobilização de recursos mais efetiva.

Os objetivos estabelecidos para o apoio foram: ampliar e fortalecer as parcerias financeiras, técnicas e políticas do trabalho desenvolvido com mulheres migrantes; fortalecer a capacidade de mobilizar recursos para manter os projetos em curso, identificando novos apoiadores, parceiros e ações conjuntas; ampliar a visibilidade do FICAS e do trabalho realizado no campo da migração e refúgio. 

“Temos muito orgulho da parceria entre a Laudes Foundation e o FICAS. Ao longo dos últimos anos, testemunhamos o comprometimento da organização em fortalecer e empoderar as trabalhadoras e trabalhadores migrantes da cadeia da moda para que eles se percebessem como sujeitos de seus direitos e, ao se organizar, buscassem melhores condições de vida”, declara Amanda Tobias, analista de Programas da Laudes Foundation. O apoio institucional permitiu também identificar necessidades estruturais da organização e desenvolver ferramentas focadas na captação de recursos e comunicação estratégica. Como resultados concretos, o FICAS estabeleceu novas parcerias e alcançou maior visibilidade nas redes sociais. Nosso desejo é que o FICAS siga firme no seu propósito, acolhendo, incluindo e inspirando migrantes”, completa.

A parceria possibilitou a contratação de uma consultora de mobilização durante todo o período, Helda Oliveira Abumanssur, além de consultorias curtas sobre sustentabilidade organizacional, com Domingos Armani, e de sistematização de processos, com Janaína Jatobá. “Acho que a parceria foi bem importante e eu fiquei muito satisfeita de ter tido a oportunidade de contribuir. Foi um trabalho muito desafiador, considerando esta época de pandemia, mas acho que podemos dizer que tivemos um bom resultado, implementando ações sistemáticas, criando ferramentas, processos e materiais que poderão contribuir para que o FICAS siga desenvolvendo seu trabalho”, conta Helda.

O FICAS e a migração

A migração e o refúgio têm sido temas-chave da atuação do FICAS, desde 2018, com a realização do Programa de Formação de Coletivos de Migrantes e Refugiadas/os, que foi desenvolvido por três anos em uma parceria estratégica com a Fundação Avina e a Missão Paz, com contribuições do Instituto C&A (2019), do Instituto Consulado da Mulher e Laudes Foundation (2020). Também foram realizadas iniciativas com o IMDH (Instituto de Migração e Direitos Humanos), com a Rede Solidária para Migrantes e Refugiados (RedeMiR), a Scalabrini International Migration Network, o Serviço Jesuíta a Migrantes e Refugiados, entre outros parceiros, além da participação na produção de duas publicações sobre a temática. 

> Saiba mais sobre a Laudes Foundation. https://www.laudesfoundation.org/br?_ptr=1 


 

Site do FICAS: tudo novo, no mesmo endereço!

O projeto oferece a melhor experiência ao usuário em todos os dispositivos, conteúdo atualizado, novas seções e design alinhado às tendências atuais.

Ter um site responsivo, que proporcionasse uma experiência agradável de navegação em diversos dispositivos (computadores, tablets e celulares) era um desejo antigo do FICAS. Totalmente reformulado, mas no endereço de sempre, o novo site está sendo lançado este mês e foi possibilitado por um apoio em fortalecimento institucional oferecido pela Laudes Foundation e uma parceria com a empresa desenvolvedora GR8 Solutions, que oferece descontos para organizações da sociedade civil.

O design do novo canal de comunicação foi pensado a partir das tendências do mercado, consultoria com especialistas externos e também contou com a contribuição de uma pesquisa interna realizada junto à equipe do FICAS. A reformulação incluiu atualizações tecnológicas que permitem, por exemplo, a postagem de vídeos e áudios, compartilhamento direto nas redes sociais, cadastramento para receber notícias do FICAS, doação direta pela seção “Apoie”, entre outros. 

Todo nosso conteúdo passou por uma revisão, organização e atualização para que os usuários possam conhecer melhor o trabalho desenvolvido pela organização e potenciais parceiros tenham acesso direto ao portfólio de programas e assessorias oferecidos. Tentamos buscar soluções que propiciassem uma leitura fácil e atrativa, conta Paula Rodrigues, responsável pela Comunicação do FICAS. “Mas o conteúdo da página não é apenas institucional! Temos três seções de notícias e uma biblioteca online que pretendemos ampliar cada vez mais o acervo”, completa a jornalista.  

As notícias estão divididas na seção “FICAS em Ação”, com matérias sobre a atuação da organização; “Dicas FICAS”, com editais, cursos e notícias do campo social; e “Últimas Notícias” com campanhas, inscrições para programas e atividades do FICAS e parceiros. A seção Biblioteca, reúne publicações de autoria e contribuição do FICAS, os Relatórios de Atividades institucionais e leituras recomendadas livres para download.

O hábito de consumo da internet mudou muito nos últimos anos com a ascensão dos celulares smartphones e a necessidade de um site que se adaptasse a isso passou a ser primordial. Desenvolvemos um site responsivo usando tecnologia de ponta, onde consideramos o layout mobile como mais uma via de acesso para os usuários. O site pode evoluir e sua estrutura estará sempre preservada e preparada para mais crescimento. Acreditamos que, assim, o FICAS poderá atingir melhor seus objetivos”, afirma Thiago Mucillo, proprietário da GR8 Solutions. 

Como parte da mudança que acreditamos para o mundo, oferecemos não só descontos, mas viabilizamos recursos tecnológicos e parcerias para organizações e empresas que também querem fazer diferença, seja para os humanos ou para os animais. Acreditamos também que a consciência de um business sustentável deve ser sempre uma iniciativa a ser premiada. Trabalhar com o FICAS foi sensacional! Todos com quem tive contato sempre estiveram empenhados, criando novidades para um bem comum“, completa Mucillo. A GR8 Solutions também oferece serviços e pacotes diferenciados para empresas veganas.

> Visite o novo site: www.ficas.org.br.
> Conheça: www.gr8solutions.com.br


 

ENTREVISTA – “Se a pandemia está sendo difícil, teria sido muito pior se não fosse o trabalho das organizações!”

(Fotos: acervo Projeto Saúde e Alegria)

 

Devido ao Dia Mundial da Saúde, celebrado em abril, o FICAS entrevistou Caetano Scannavino, coordenador geral do Projeto Saúde e Alegria, uma iniciativa civil sem fins lucrativos que atua desde 1987 na Amazônia brasileira, promovendo e apoiando processos participativos de desenvolvimento comunitário integrado e sustentável. Implementa programas de organização social, meio ambiente, saúde, educação, economia, cultura e inclusão digital, entre outros. O paulista, que costumava trabalhar como fotojornalista, falou um pouco sobre a situação da saúde na região e as iniciativas de combate à pandemia.

 

1. Para você, quais os desafios mais urgentes no setor da saúde atualmente no Brasil?
Desafios é o que não faltam na área de saúde. O Brasil é um país de dimensões continentais e onde estou, aqui na Amazonia, a realidade não é a mesma de uma cidade como São Paulo ou Rio de Janeiro. De modo geral, a gente estaria numa situação melhor se tivéssemos uma estratégia mais robusta e continuada na área de atenção primária. Temos ainda uma grande mortalidade infantil decorrente de desidratação, de diarreias, verminoses, questões que melhorando a higiene pessoal se pode evitar. Às vezes por falta de intervenção efetiva em tempo hábil, essas doenças vão se arrastando, ficando graves e levam até uma internação, ocupando um leito de hospital, horas de trabalho de um profissional, e a estrututa assistencial brasileira está aquém das nossas necessidades.

Um outro aspecto, é a necessidade da gente sair dos atuais indicadores na área de saneamento básico. Há um abismo em termos de investimento em saneamento, em acesso à água na região Norte em relação às demais regiões. É paradoxal você ter, na maior bacia hidrográfica do mundo, uma população ribeirinha que vive estresse hídrico, com crianças morrendo de diarreia e desidratação por beberem água contaminada dos rios. Essa questão do saneamento reflete diretamente nos indicadores de saúde. Claro que existem muitos outros desafios. Eu não sou médico, nem especialista, mas a nossa experiência de 30 anos lidando com esse tema vem nos ensinando que a questão da saúde básica, promoção da saúde, prevenção, educação em saúde, merece uma atenção maior.

2. Como acredita que o setor social pode contribuir para a redução das desigualdades e para a construção de um mundo mais igualitário e justo?
O setor social é fundamental no Brasil e no mundo! Aqui no Brasil, existe até uma desconfiança maior da sociedade em relação às organizações e temos, inclusive, um governo federal que não quer nem conversar com as organizações e a gente lamenta isso, porque o aprendizado que a pandemia nos trouxe foi justamente a importância e a valorização das iniciativas que vêm da sociedade civil, sejam centrais de favela, associações de bairros, ONGs na área de assistência em saúde, saneamento básico… Também a mobilização solidária dessas redes de organizações, que não necessariamente têm uma ação direta na área de saúde, mas contribuem para captação de apoios, cestas básicas, kits de higiene e proteção. Se a pandemia está sendo difícil, teria sido muito pior se não fosse o trabalho das organizações!

Nossos tomadores de decisão deveriam aprender com as soluções que estão sendo criadas ali. Um outro aspecto importante é a capacidade das organizações de fazerem com mais agilidade projetos-piloto, iniciativas demonstrativas, que podem criar tecnologias sociais com baixo custo e alto impacto positivo de forma mais eficiente e efetiva que a ação do próprio Estado, construindo inclusive referências que possam ser escaladas na forma de políticas públicas seja via municípios, estados ou a própria União.

3. Como a pandemia de Covid-19 afetou o trabalho da Saúde e Alegria?
Afetou a vida de todo mundo e praticamente triplicou nosso trabalho. A gente é uma organização de apoio às comunidades, com programas integrados em várias áreas, saúde, educação, jovens, crianças, apoio aos produtores rurais, manejo floresta, economia, turismo comunitário, renda, saneamento básico, enfim, uma série de coisas e somos uma organização de pessoas que entram num barco e vão atender comunidades remotas, com viagens de até 20 horas pelos rios daqui da sede em Santarém (PA), que é de onde estou falando.

De um lado, a pandemia nos obrigou a desacelerar uma série de programas nas áreas econômicas e ambientais, em função da situação colapsada que a Amazônia acaba enfrentando, e também para poder salvaguardar nossa própria equipe de colaboradores. Tivemos que renegociar com o doadores uma nova agenda e, felizmente, houve muita compreensão nesse sentido. Por outro lado, por ser uma organização de saúde, acabamos focando numa campanha ampla de combate a Covid-19 aqui na região do Baixo Amazonas, do Tapajós.

4. Conte sobre a campanha #ComSaudeeAlegriaSemCorona.
Fizemos um levantamento com as organizações comunitárias parceiras, um levantamento de demandas com as prefeituras e secretarias municipais de saúde, de saúde indígena, aqui na região para ver onde havia as maiores necessidades e onde a gente poderia buscar novos apoios. Procuramos nossos apoiadores para remanejar recursos para poder focar no suporte à campanha.

A campanha tem dois eixos principais. Um de atendimento direto às populações em situações de vulnerabilidade com campanhas educativas e formativas, que falam a partir da realidade local, de aldeias indígenas e comunidades ribeirinhas. O objetivo é alertar sobre o vírus, a gravidade da doença, as questões da contaminação, de como se proteger. Lançamos um programa de rádio diário ao vivo, o “Alô, comunidade”, para poder fazer essas orientações, conversar com os agentes de saúde, fazer uma ponte das dúvidas da comunidade com as autoridades. A gente trabalha muito com o lúdico, com palhaços, teatro, comunicação, brincadeira, paródia, música educativa, para fazer a coisa chegar e ser compartilhada. Pensamos em como é que a gente pode ter saúde e ter alegria também.

A campanha também inclui a distribuição de cestas básicas e kits de higiene e proteção para garantir insumos para que as pessoas possam ficar ali, na aldeia. Porque não é todo mundo que pode ficar em casa e sobreviver economicamente. Ao mesmo tempo, previa que, se eles precisassem se deslocar para a cidade, que o fizessem com a melhor proteção possível, tendo álcool em gel, máscara. Entregamos e continuamos entregando mais de 100 toneladas de kits de proteção (no site os números vão sendo atualizados).

5. Trabalham em colaboração com outras instituições?

Justamente o outro eixo da campanha foi de apoio ao SUS (Sistema Único de Saúde). Nesse sentido, a gente entrou com apoio para rodadas extras do barco hospital Abaré, atualmente gerido pela Ufopa, Universidade Federal do Oeste do Pará, sediada aqui. Foi implantado pelo Saúde e Alegria em 2006 e viria a se tornar uma política pública – hoje são mais de 60 barcos de atendimento entre Pantanal e Amazônia! Também estamos revitalizando um segundo barco hospital para entrar na água agora, para atender outras regiões ribeirinhas. Tudo isso já gerido pela própria política pública, pela secretaria municipal de saúde.

Apoiamos também a Universidade com kits complementares de testagens para Covid-19 junto ao laboratório local que montaram em Santarém para fazer os exames, testes de PCR, porque, até então, era preciso mandar para fora e levava dias para vir o resultado. Junto com as secretarias municipais de saúde entramos com apoio forte com insumos, de medicamentos a equipamentos, como cilindros de oxigênio, concentradores de O2. Trabalhamos, ainda, em parceria também com outras duas organizações no desenvolvimento e fornecimento de máscaras de mergulho adaptadas que atuam como uma forma de reduzir a dependência de respiradores.

6. Quais acredita que foram os principais aprendizados desta época de pandemia?
Talvez um aprendizado maior foi a união e soma de esforços. Independente da pessoa ser Vasco ou Flamengo, ter votado nesse ou naquele, se é Boi Garantido ou Boi Caprichoso, como a gente fala aqui. Estamos tratando de vidas num país politicamente polarizado, não dá para trazer ideologias para questões que precisam ser resolvidas pela ciência e de forma estritamente técnica. A gente conseguiu construir, dentro da campanha, um quadro muito amplo de parceiros e organizações que, antes, tinham dificuldade de sentar na mesma mesa. Conseguimos trazer prefeituras, governo do estado, organizações dos movimentos indígenas, de trabalhadores rurais, organizações de territórios de unidade de conservação, reserva extrativista, quilombolas, enfim, todos ali com um mesmo objetivo comum, somando esforços, coexecutando para que a gente junto possa chegar a resultados maiores. Quando cada um faz por si, você chega a um determinado resultado. Quando a gente soma, gera resultados que se multiplicam.

> Saiba mais sobre o Projeto Saúde e Alegria.

 

FICAS em Ação é um informativo mensal que reúne notícias sobre os programas, assessorias, ações e parcerias do FICAS. Jornalista responsável: Paula Rodrigues.

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