FICAS em Ação nº 79 – Dez/19-Jan20

Programa de Formação de Coletivos de Migrantes chega à 3ª edição

Iniciativa tem sido desenvolvida em parceria com a Fundação Avina, Instituto Consulado da Mulher e Missão Paz e atualmente tem como foco mulheres migrantes bolivianas.

No último domingo, dia 26 de janeiro, um grupo de 22 mulheres bolivianas se reuniram na sede do FICAS em São Paulo, para o encontro inaugural de um novo ciclo de formação, chamado de “Entre rendas”, voltado para o empoderamento econômico. Até abril de 2020, as mulheres irão experimentar empreender em grupo um negócio que as ajude na geração de renda.

Além da Fundação Avina e Missão Paz, esse ciclo conta também com a parceria do Instituto Consulado da Mulher, que será responsável pelas oficinas de empreendedorismo. Em suas duas primeiras edições, o Programa de Formação de Coletivos de Migrantes teve como foco o fortalecimento socioemocional das mulheres e desenvolvimento dos quatro grupos que passaram pela formação.

Estamos felizes em realizar esse novo ciclo, focado no empoderamento econômico, um passo fundamental para a autonomia dessas mulheres. Além dos parceiros estratégicos – Fundação Avina e Missão Paz – essenciais para o planejamento e realização do programa, teremos o Instituto Consulado da Mulher, com quem temos certeza que iremos trocar e aprender bastante”, afirma Andreia Saul, idealizadora do FICAS.

Os encontros acontecerão entre os meses de janeiro e abril, com encontros às quartas-feiras e aos domingos. Além das oficinas de empreendedorismo, as mulheres terão também oficinas temáticas (culinária, pequenos consertos etc.) e apoio socioemocional para que possam continuar se fortalecendo.

Fechando com chave de ouro
O fim das atividades da edição de 2019 contou com dois pontos altos no final do ano. Em novembro, foi realizado o Campeonato Relâmpago de Futsal de Mulheres Migrantes, em São Paulo (SP), promovido pelo coletivo com o objetivo de mobilizar e unir mulheres bolivianas para refletirem e atuarem em prol empoderamento feminino e pelo direito a um trabalho digno.

Participaram oito times compostos por mulheres da comunidade, num total de dez partidas com duração de 30 minutos cada. O evento aconteceu no Circo Social Dom Bosco, em Itaquera, e contou com a participação de amigas/os e familiares das jogadoras e dos organizadores, entre outras/os convidadas/os. Foi um dia de confraternização, mas também de reflexão, pois as mulheres participantes do programa fizeram falas e levaram cartazes para sensibilizar para as duas temáticas.

O encerramento oficial do programa aconteceu no dia 8 de dezembro com atividades no Parque do Ibirapuera, que incluíram confraternização com as mulheres, familiares e amigas/os, e a entrega dos certificados de participação na formação. A edição 2019 foi realizada em parceria

Veja fotos do o encontro inaugural de 2020 e do encerramento da edição 2019.
> Saiba mais sobre os parceiros: Fundação AvinaInstituto C&AInstituto Consulado da Mulher e Missão Paz.


Avaliação e planejamento estratégico do IDESQ

FICAS facilitou um processo participativo de avaliação e planejamento ao longo de quatro meses junto à equipe da organização de Fortaleza (CE).

Entre os dias 20 e 24 de janeiro de 2020, o FICAS conduziu as atividades da última etapa da atual parceria com o Instituto Nacional de Desenvolvimento Social e Qualificação Profissional (IDESQ), de Fortaleza (CE). O trabalho desenvolvido para a organização teve início no mês de outubro do ano passado e tinha como objetivo realizar uma avaliação de resultados seguida de um planejamento estratégico.

Todo o processo conduzido pelo FICAS foi muito rico, forte e de reflexão profunda sobre as nossas experiências, vivências e práticas ao longo dos últimos anos. Foi um momento de olhar para dentro da organização e para dentro de si mesmo por parte de cada um dos componentes da equipe, da gestão, dos colaboradores e dos diretores. Foi uma parada para observarmos com mais tranquilidade e calma o nosso caminhar individual, coletivo e, sobretudo o caminhar institucional”, conta Eudázio Nobre, gestor administrativo do IDESQ. “Foi um processo corajoso onde cada um se dispôs a colaborar de forma aberta e participativa com a construção dessa avaliação e de como desejamos que o IDESQ seja nos próximos anos”, completa.

Com base na metodologia desenvolvida e utilizada pelo FICAS em seus programas, ações e assessorias, foi proposta a realização de uma avaliação participativa, para que, tanto a equipe do IDESQ, como os demais atores envolvidos pudessem se apropriar do modo de fazer e dos resultados gerados no processo. O trabalho incluiu cinco etapas, partindo desde a leitura e análise dos materiais institucionais da organização até a oficina de planejamento estratégico.

Wânia Azevedo, gestora executiva, ressalta a metodologia utilizada como um ponto positivo para os resultados. “Ao longo dos últimos anos, o FICAS tem sido um parceiro importante e estratégico que colabora muito com o nosso processo de amadurecimento e organização institucional. Sua medotologia influencia de forma muito positiva os resultados e dialoga com a forma do IDESQ atuar. Nesta última parceria, pudemos reafirmar o papel do FICAS como uma instituição que nos ajuda grandiosamente no fortalecimento institucional”, afirma.

“Esta última semana de trabalho foi intensa, com a devolutiva da avaliação e a construção coletiva do planejamento estratégico, recheada de exercícios de confiança e comunicação não violenta. Eu saio cheia de gratidão pela oportunidade de facilitar esse processo!”, declarou Andreia Saul, idealizadora do FICAS e uma das responsáveis pela parceria com o IDESQ. “Vale lembrar que, na visão do FICAS, o trabalho não termina aqui. É importante que a avaliação seja um processo contínuo, permanente, participativo, objetivo e voltado para gerar aprendizagens e o aprimoramento dos profissionais e das ações”, completa.

> Confira fotos das atividades aqui.
> Saiba mais sobre o IDESQ.

(Foto: Andreia Saul/FICAS)


 

FICAS facilita atividades de reunião anual da rede scalabriniana

Representantes de Casas de Migrantes e Centros Scalabrinianos de 11 países da América Latina participaram do evento em São Paulo.

A migração latino-americana foi o fio condutor da Reunião Regional de Casas de Migrantes e Centros Scalabrinianos na América Latina, que aconteceu entre os dias 4 e 6 de novembro de 2019, em São Paulo. O evento foi promovido pela Scalabrini International Migration Network (SIMN) e pela Fundação Avina, e contou com parte das atividades facilitadas pelo FICAS.

Participaram cerca de 60 representantes da Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, El Salvador, Equador, Guatemala, México, Paraguai, Peru e Uruguai, incluindo padres que lideram as missões, administradores e coordenadores. Este tipo de encontro, que acontece anualmente, define programas e projetos para cada região e 2019 foi fundamental para a construção conjunta de diretrizes para os próximos anos (2020-2023), incluindo as áreas de oportunidade e de desafio que devem ser fortalecidas.

Dentre os objetivos, estavam fortalecer e promover o reconhecimento das Casas de Migrantes e dos Centros Scalabrianos, aumentar a capacidade de impacto na migração em nível local, regional e internacional e definir recomendações para fornecer respostas articuladas às necessidades dos migrantes assistidos pelas instituições.

Durante os dois dias de encontro, os participantes compartilharam as realidades de suas atuações regionais, os desafios do dia a dia e, principalmente, as soluções encontradas para superá-los. Também houve um momento em que migrantes e refugiados da Casa do Migrante da Missão Paz contaram suas experiências pessoais e foi realizada uma visita guiada à instituição.

O FICAS também está colaborando com a rede SIMN na elaboração do documento de sistematização do Encontro, que está sendo financiado pela Fundação Avina.

> Confira fotos do encontro aqui.
> Saiba mais sobre a SIMNFundação Avina e Missão Paz.

 


 

Espiral de Conversa teve como tema mulheres e migração  

Evento promovido pelo FICAS e pela Fundação Avina integrou o calendário do Dia de Doar, movimento global por uma cultura de doação.

Já pensou em como é a vida das mulheres em um outro país? Quais seus desafios e planos para o futuro? Foi com esta inquietação que o FICAS recebeu em sua sede em São Paulo a Espiral de Conversa: retratos de mulheres migrantes, no dia 3 de dezembro de 2019. Realizada em parceria com a Fundação Avina, a roda de conversa contou com representantes da comunidade migrante de São Paulo.

Entre as convidadas estavam a boliviana Diana Solis, que atua pelos direitos trabalhistas como diretora migrante indígena no Sindicato das Empregadas Domésticas de São Paulo; a chilena Inés Fuentes, fundadora da Assistência Social Chilena e da Presença da América Latina, além de estar a frente de projetos voltados a mulheres; da venezuelana Marifer Vargas, que migrou de seu país depois de um sequestro que mudou sua vida e de sua família, e atua como educadora social do Programa Pana da Cáritas Brasileira e Cáritas Suíça; e da chilena Oriana Jara, que também viveu na Europa, experiência que lhe reforçou a consciência de uma identidade latino-americana, estudou psicologia social e passou a trabalhar com empoderamento de grupos.

“Como já escrevi uma vez, ‘ser mulher é uma tarefa heróica’. Agora, ser mulher e migrante é ainda mais! As mulheres com as quais trabalho, que são as latino-americanas, geralmente vêm de uma cultura patriarcal, colonialista, que muitas vezes tiveram negada inclusive sua condição de ser humano. 80% delas sofreram alguma forma de violência, psicológica, física, para não falar da cultural e sistêmica”, declara Oriana Jara, que também participa do Conselho Municipal de Migrações, do Conselho Estadual de Erradicação do Trabalho Escravo, contra o Tráfico de Pessoas e Violências contra a Mulher, do Conselho Consultivo da Defensoria Pública no tema Migrações, entre outras frentes.

“Oferecemos cursos de empreendedorismo para mulheres com pequenos ateliês de costura e, no final dos seis meses de formação, a grande descoberta de todas é a consciência de terem sido permanentemente submetidas, ignoradas, invisíveis para seus próprios parceiros, familiares e sociedade em geral. E isso nos levou aos grupos de trabalho de empoderamento. Para desenvolver a consciência do valor de cada uma como pessoa, pois passamos séculos comprando uma história contada por vencedores e por homens e nós somos sujeitos de nossas próprias histórias. É uma luta de todas nós!“, completa Oriana.

Sobre o evento
A mediação da conversa ficou a cargo de Rogenir Costa, coordenadora programática da Fundação Avina, que há 25 anos trabalha em prol do desenvolvimento sustentável. A brasileira considera fundamental olhar o tema na perspectiva da equidade de gênero e empoderamento de mulheres.

“O encontro foi excelente! Pudemos falar e escutar os relatos de outras migrantes que também vivem no Brasil, porém com histórias de vida e de luta tão distintas. Foi muito marcante para mim e agradeço muito pelo convite”, declarou Inés Fuentes.

A atividade integrou o calendário do Dia de Doar 2019, campanha internacional de fortalecimento da cultura de doação, a fim de apoiar o grupo de bolivianas que participou do Programa de Formação de Coletivos de Migrantes, desenvolvido pelo FICAS em parceria com Fundação Avina, Instituto C&A e Missão Paz. Foi apenas um primeiro passo para um dinheiro-semente que se pretende mobilizar a fim de que estas mulheres possam empreender pequenos negócios.

 

> Veja fotos da Espiral de Conversa aqui.
> Saiba mais sobre a Fundação Avina.

FICAS em Ação é um informativo mensal que reúne notícias sobre os programas, assessorias, ações e parcerias do FICAS. Jornalista responsável: Paula Rodrigues.

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