FICAS em Ação 88 – Jun-Jul/21

Centro-Oeste abre série de encontros regionais da Plataforma pela Reforma do Sistema Político

FICAS contribui com facilitação e organização de encontros, além da sistematização de ações da Plataforma. Assessoria é uma parceria com a Abong.

Encontro regional do Centro-Oeste da Plataforma pela Reforma do Sistema Político. Jun/21.

Nos dias 25 e 26 de junho de 2021, o FICAS mediou o Encontro Regional do Centro-Oeste, como parte da assessoria em parceria com a Abong – Organizações em Defesa dos Direitos e Bens Comuns, que busca potencializar as ações da Plataforma pela Reforma do Sistema Político. O encontro virtual, realizado via Zoom, contou com a participação de uma média de 45 pessoas representando diferentes movimentos e organizações da sociedade civil.

Nesta etapa, serão cinco encontros regionais virtuais, com o objetivo de reunir as organizações da Plataforma e instituições parceiras para analisar, refletir e propor estratégias para a transformação do sistema político, a fim de viabilizar uma democracia ampla, orientada para a equidade, distribuição de riquezas, socialização/partilha do poder e participação. A principal preocupação é com a distribuição de poder na sociedade, que atualmente está concentrado nas mãos de poucos, discutindo uma democracia que seja realmente para todos e todas.

“O FICAS está mediando os encontros e apresentando pílulas de seu programa Cuidar de Quem Cuida, compreendendo o autocuidado como uma estratégia de luta também. O corpo doente não luta. A facilitação envolve acolher, mediar, sistematizar e aplicar dinâmicas de integração para todos os integrantes, conta Tabata Tesser, consultora do FICAS e uma das responsáveis pela assessoria. Uma das metodologias que utilizamos foi a dinâmica da ‘bandeira de luta’, na qual os próprios participantes utilizaram a ferramenta do padlet para preencher o mapa de lutas do Centro-Oeste. É uma forma dinâmica de visualização que permite localizar quais são as resistências que atravessam a realidade regional, completa.

Para fechamento dos encontros, serão sistematizadas as discussões temáticas que aconteceram nos dois dias e apresentados os encaminhamentos. Além das atividades facilitadas pelo FICAS, o encontro contou com intervenções artísticas, como a apresentação da poetisa, atriz e performer Mel Gonçalves, coordenadora do Sarau Negritude Viva, e do Congo Beira Mar, grupo de dança que promove a cultura afro-brasileira e estimula grupos de congados, ambos de Goiânia (GO).

A parceria FICAS e Abong teve início em dezembro de 2020 e prestará apoio institucional e pedagógico ao grupo por dois anos, com foco na elaboração de processos virtuais inovadores. A Plataforma foi criada em 2004 e é um espaço coletivo, gestionado em forma de rede com organizações, instituições, movimentos sociais, fundações e sociedade civil, a fim de questionar a estrutura do atual sistema político brasileiro.

Em fevereiro, o FICAS organizou o Encontro Nacional Virtual, também via plataforma Zoom. As atividades da assessoria ainda compreendem elaborar o Plano de Ação da Plataforma para os próximos dois anos, sistematizar quinze grupos de trabalho (GTs) e 30 webinários temáticos, além de sistematizar os resultados de 10 atividades autogestionadas indígenas.

> Visite a Plataforma: https://reformapolitica.org.br/
> Saiba mais sobre a Abong: https://abong.org.br/



Itaú Social renova parceria com assessoria para programa de incentivo à leitura

FICAS seguirá apoiando a logística do Programa Leia para uma Criança pelo quarto ano consecutivo.

Foto: Duane Carvalho/ Itaú Social

O Itaú Social renovou em junho de 2021 a parceria com o FICAS para a assessoria ao Programa Leia para uma Criança, que vem sendo realizada desde o final de 2017. O trabalho está relacionado aos pedidos de coleções de livros infantis feitos por instituições de todo o Brasil, que desenvolvem ações regulares de incentivo à leitura, como redes públicas de educação infantil, bibliotecas públicas ou comunitárias, organizações da sociedade civil, entre outras, além do atendimento às solicitações de Bibliotecas Itaú Criança pelos participantes do curso online “Infâncias e Leituras”.

O FICAS é responsável pelos formulários personalizados por categoria de instituição e por produto, pela análise dos dados e validação dos requisitos, conforme critérios definidos pelo Itaú Social. Os pedidos aprovados são organizados e encaminhados aos Correios, responsável pelas entregas em todo o país. O trabalho inclui também o atendimento via e-mail ou telefone aos interessados em solicitar os livros.

O acervo das Bibliotecas Itaú Criança conta com 50 exemplares de literatura infantil. Em 2020, o curso era realizado em momentos específicos e, provavelmente como reflexo da pandemia de Covid-19, houve um aumento significativo nas inscrições e solicitações por parte das turmas da formação “Infâncias e Leituras”, de 600 para 2 mil solicitações. Para continuar atendendo ao público interessado na formação e pensando na flexibilização que um curso online pode ter, o Itaú Social alterou o seu formato sendo possível realizá-lo a qualquer momento a partir deste segundo semestre.

O curso ‘Infâncias e Leituras’ proporciona aos seus participantes uma visão muito interessante sobre o impacto da leitura na vida das crianças e a importância da mediação, mas vai além disso, quando também possibilita o acesso às ferramentas necessárias para colocar em prática todo o aprendizado, através da doação dos livros”, declara Bárbara Triginelli, consultora FICAS que trabalha na assessoria.

A formação é gratuita, de autoinstrução e está disponível no portal polo.org.br. Seu objetivo é sensibilizar para a importância da leitura na primeira infância (0 a 6 anos), por meio de reflexões sobre o significado da leitura, o papel dos mediadores e os critérios para construção de uma biblioteca adequada às crianças pequenas. Ali também estão disponíveis outros cursos de incentivo à leitura para outras idades como o “Mediação de Leitura para Juventudes” e o “Leitura para Bebês”.

O Programa Leia para uma Criança completou 10 anos e já distribuiu mais de 57 milhões de livros. Para saber mais sobre a iniciativa: www.euleioparaumacrianca.com.br.

> Saiba mais sobre os parceiros: Itaú e Itaú Social.


 

Conversas que Fortalecem são espaços virtuais de troca para organizações

Iniciativa idealizada em 2020 é organizada coletivamente e está aberta para instituições de todo o país. Veja como participar!

Conversas que Fortalecem de abril/21

“Eu vejo as Conversas que Fortalecem como espaços importantes de fortalecimento para as pessoas que cuidam de outras pessoas por meio das suas organizações. Neste momento tão denso que estamos vivendo da pandemia, os encontros se tornaram um momento de acolhida para trocar, refletir e aprender junto com outras lideranças como estão sendo realizados os trabalhos e como cada uma está cuidando não só dos atendimentos às demandas e causas da organização, mas principalmente, como estas pessoas também estão se cuidando lá dentro, em várias dimensões (física, mental, emocional…)”, resume Francine Fernandes, educadora da Guarda-Chuva, uma das instituições organizadoras.

A iniciativa foi idealizada no início de 2020 pelo FICAS (São Paulo, SP), Instituto Fonte (São Paulo, SP) e IDESQ – Instituto Nacional de Desenvolvimento Social e Qualificação Profissional (Fortaleza, CE) com o objetivo de promover trocas e reflexões sobre como as organizações da sociedade civil, coletivos, profissionais do setor e demais atores estão enfrentando as adversidades do contexto de pandemia de Covid-19. No final de 2020, além dA Guarda-Chuva (Poços de Caldas, MG), passaram a fazer parte do grupo organizador o Instituto Felipe Martins de Melo (Fortaleza, CE), a Spectaculu (Rio de Janeiro, RJ) e o CEDHOR – Centro de Defesa dos Direitos Humanos Dom Oscar (Santa Rita, PB) .

“O Conversas que Fortalecem é um espaço de troca de saberes, lugar de fala e de escuta, para refletir sobre angústias e conquistas, sobre as questões do social… Por acreditar na importância desse encontro e com a intenção de contribuirmos na parceria com outras instituições, aceitamos o convite para participar da organização”, declara Evelucia Melo, psicóloga e co-fundadora do IFMM. Minha expectativa é que cada vez mais as instituições possam participar e se presentearem com esse momento, inscrevendo pelo menos um representante da sua instituição para tornarmos essas trocas sempre ricas e divertidas!, diz.

Os encontros são mensais, com participação gratuita e acontecem virtualmente pela plataforma Zoom. Até o momento, neste ano, foram temas das conversas: “Atuação virtual nos tempos de pandemia” (março), “Cuidando de mim e da equipe no contexto atual” (abril), “Comunicação em tempos de pandemia” (maio) e “Como está a escuta dentro da sua organização?” (junho).

“Um grande diferencial do Conversas é que ele não nasceu com a intenção de ser um espaço formativo, no sentido de ensinar algum conteúdo específico com algum especialista, mas cada encontro parte de algumas perguntas-chave que norteiam as partilhas nos grupos a partir das vivências de cada participante. Este espaço de aprender e ensinar é o que me move a participar e convidar mais pessoas. Eu me sinto nutrida a cada novo encontro e isso reflete no trabalho que eu preciso realizar dentro da organização que faço parte, compartilha Francine, dA Guarda-Chuva. “Lembro de uma frase do Bill O’Brien que fala assim: ‘o sucesso de uma intervenção depende da condição interior do interventor’ e percebo que o Conversas tem essa função hoje, de cuidar desses interventores”, completa.

A pauta de julho e o link para as inscrições serão divulgados em breve nos canais de comunicação das instituições organizadoras.

> Saiba mais sobre os parceiros: Instituto Fonte, IDESQ, IFMM, A Guarda-Chuva, Spectaculu e CEDHOR.


 

Afinal, o que nos contam as mulheres refugiadas da Venezuela

Rogenir Almeida Santos Costa*

No mês de junho, em que se comemorou o dia da pessoa refugiada, aproveitei o convite do FICAS para partilhar um olhar à resistência das mulheres em contexto de refúgio. O artigo “Mulheres do Campo: entre Existências, Resistências e Provações” resgata a origem desta palavra, retirando do Pequeno Dicionário Escolar Latino-Português (Editora Globo:1960), em que é atribuída à palavra resistência a seguinte etimologia:

“«‘re’»= prefixo- repetição e «‘sistere’»= “continuar a existir”; enquanto a palavra existir é registrada segundo o Dicionário da Porto Editora, como “existir”, vem «do latim exsistĕre», e significa «ter existência; viver; ser; estar; haver; subsistir; durar».” (Elizabeth, ABRAPSO, 2017)

Oficina Feitos de Coragem/Curitiba, PR. Foto: Rafael Oliveira (reprodução parcial)

Estar refugiada em um país desconhecido expressa a coragem de continuar a existir, de reinventar-se e se reposicionar em um novo lugar. Fazer-se reconhecida em sua identidade, necessidades e potencialidade. Para que essa resistência se efetive, em melhoria da sua qualidade de vida, faz-se necessário que sua voz seja escutada e considerada nos contextos das políticas e ações de acolhida, proteção e integração às pessoas refugiadas.

Em 2020, mulheres venezuelanas, que estão vivendo em vários países da América Latina e Caribe, participaram de um processo de escuta, promovido pela Avina, com o apoio metodológico do FICAS. Elas falaram sobre os problemas que afetam as mulheres venezuelanas na América Latina e Caribe, e apresentaram propostas de soluções que consideram importantes.

Ao todo 82 mulheres venezuelanas, com idades entre 17 a 59 anos, residentes no Peru, Brasil, Chile, México, Colômbia, Porto Rico, Paraguai, Curaçao, EUA e Argentina participaram desse processo. Sua metodologia contemplou uma conversa virtual com mulheres venezuelanas para levantamento dos elementos-chave para a elaboração do questionário; a elaboração e revisão do questionário, estruturado em quatro áreas: pessoas, produtividade, serviços e finanças; e a aplicação da pesquisa online, em junho de 2020.

Para a questão da área de pessoas, quando perguntadas sobre quais são os principais problemas que dificultam a integração, a coesão social e as relações comunitárias das mulheres venezuelanas no atual contexto migratório, indicaram como os cinco principais problemas: falta de trabalho (22,86%); xenofobia (21,43%); discriminação das mulheres, meninas e meninos venezuelanos (18,57%) e desconhecimento da língua ou cultura do país de destino (10%)**.

No tema da produtividade, apontaram como os cinco principais problemas que afetam as condições de vida e restringem o acesso das mulheres venezuelanas aos produtos essenciais para a vida diária nos países de destino: poucas oportunidades de trabalho (36,62%); alto custo e burocracia para a revalidação de diplomas (22,54%); ofertas de emprego oferecidas abaixo da qualificação (14,08%); exploração ou degradação laboral das mulheres (11,27%) e o não reconhecimento das qualificações e experiências profissionais (5,63%).

Na área de serviços, os cinco principais problemas que restringem ou impedem o acesso das mulheres venezuelanas aos serviços, como educação, saúde, energia, conectividade, entre outros mais indicados, foram: falta de opção para cuidado das crianças (30%); ausência de serviços de saúde para as meninas, mulheres e pessoas LGBTQI+ (22,86%) e redução de recursos financeiros para a aquisição de alimentos (20%).

Em relação à área de finanças, os principais problemas que afetam e/ou restringem o acesso e transferência de dinheiro e capital para as mulheres venezuelanas apontados foram: ausência de políticas e serviços de acesso a financiamento para empreendedorismo (28,18%); maior dificuldade e burocracia para abertura de contas para as mulheres refugiadas (26,76%); dificuldades e o custo das remessas à Venezuela (25,35%) e restrição ou impedimento de acesso a crédito (19,72%).

As mulheres participantes desse processo de escuta também apresentaram ideias de soluções frente a esses problemas, como, por exemplo: plataformas de atendimento virtual para acesso a informações importantes e atenção psicossocial, além de outros serviços online; programas ou atividades de intercâmbio cultural que facilitem a integração e socialização das mulheres venezuelanas nas comunidades onde vivem; oportunidades de incorporação das venezuelanas ao mercado de trabalho, acompanhadas de uma formação produtiva, resguardando sua qualidade profissional; redução do custo e da burocracia de acesso ao crédito, moradia e revalidação de títulos universitários; divulgação de narrativas que demonstram a resiliência e o potencial das mulheres venezuelanas; capacitação e orientação para mulheres venezuelanas em contexto migratório, entre outras.

O processo relatado reforça a importância da prática sistemática de escuta às mulheres refugiadas, no âmbito das distintas organizações que atuam com este público. Existem ferramentas e caminhos metodológicos para isso. Esta prática permitirá que as vozes destas mulheres ecoem em distintos espaços, políticas e práticas dos setores públicos e privados. Para tanto, faz-se necessário apoiar o fortalecimento socioemocional e a organização dessas mulheres para que sejam protagonistas das suas lutas, e suas vozes cheguem aos espaços de tomada de decisão.

Isso é fundamental para que se garantam os direitos consagrados, em normas nacionais e internacionais, legitimando o lugar onde essas mulheres se refugiam, como um lugar de proteção e amparo.

* Rogenir Costa é coordenadora programática na Fundação Avina, para as agendas de Migração e de Inovações Democráticas.
** Outros problemas foram indicados. Mas, para efeito desse artigo foram selecionadas as cinco principais respostas em cada área.

Os artigos compartilhados neste espaço estão relacionados à temática mensal da campanha “Que dia é hoje?”, que, em junho, abordou o Dia Mundial do Refugiado. Os textos não são uma produção do FICAS e refletem as ideias e opiniões de seus autores.


 

20/jun – Dia Mundial do Refugiado


Esta foi a causa escolhida para nossa campanha “Que dia é hoje?” de junho. Ao longo do mês, divulgamos iniciativas e organizações que atuam em prol da causa das pessoas refugiadas, notícias, eventos e um artigo ou entrevista com especialistas. A “Que dia é hoje?” já abordou em 2021 os seguintes temas: combate à intolerância religiosa (janeiro), ONGs (fevereiro), mulheres (março), saúde (abril) e LGBTQIA+fobia (maio).

Confira as publicações de junho:

> Juntos conquistamos tudo
> Conheça a RedeMiR
> Refúgio: conheça 10 organizações
> ARTIGO: Afinal, o que nos contam as mulheres refugiadas da Venezuela

FICAS em Ação é um informativo mensal que reúne notícias sobre os programas, assessorias, ações e parcerias do FICAS. Jornalista responsável: Paula Rodrigues.

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