O Relatório Global sobre Tráfico de Pessoas 2020 lançado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em fevereiro de 2021, em Viena (AUT), revelou que as principais vítimas deste crime são as que se encontram em situações mais vulneráveis, como migrantes, muitas vezes sem documentação, e pessoas sem emprego e em vulnerabilidade econômica. O número de vítimas vem aumentando há mais de uma década, mas acredita-se que sejam maiores do que os registrados oficialmente.
O relatório identificou que os impactos da pandemia de Covid-19 aumentaram a vulnerabilidade social em todo o mundo, o que agravou este cenário. Segundo o UNODC – Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime, que trabalha diretamente com o tráfico de pessoas e contrabando de migrantes, cerca de 70% das vítimas são mulheres (50% adultas e 20% crianças). O número de crianças triplicou nos últimos 15 anos – meninos são mais usados para trabalhos forçados e meninas para exploração sexual.
Atualmente, estima-se que milhões de indivíduos sejam submetidos a trabalhos forçados, exploração sexual, escravidão, atividades criminosas forçadas, casamentos forçados e até mesmo a remoção de órgãos. Alguns dos setores econômicos onde as pessoas são inseridas para trabalhar são: agricultura, construção, pesca, mineração e trabalho doméstico, além da indústria pornográfica.
Para ficar atento!
A internet tem sido uma ferramenta muito utilizada pelos criminosos, especialmente na aproximação de crianças pelas redes sociais. Foram identificadas duas estratégias principais para recrutamento das vítimas: a “caça”, quando o traficante persegue ativamente a vítima, em geral pelas redes sociais, e a “pesca”, quando as vítimas são atraídas por anúncios de emprego.
Por isso, é muito importante estar atento ao uso que as crianças próximas estão fazendo da internet e orientá-las sobre a importância de contar para os adultos responsáveis se estão falando com um desconhecido. Também vale o alerta para oportunidades de trabalho sem referência, com vantagens tentadoras, em outras cidades ou países, e que podem pressupor dívidas iniciais com transporte, alojamento ou documentação.
O estudo revela que os traficantes podem integrar grupos de crime organizado, que encaminham as vítimas para indivíduos que operam por conta própria ou em pequenos grupos. Cerca de 64% dos traficantes julgados eram homens.
Que dia é hoje? – Este texto faz parte da campanha de comunicação do FICAS, que busca jogar luzes para pautas sociais como a do Dia Mundial contra o Tráfico de Pessoas, definido pela ONU como sendo o dia 30/julho desde 2013.
> Acesse o Relatório e outras publicações sobre o tema aqui.
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