Formação para projetos do Enfrente Estruturante chega ao fim
Com foco em gestão, a assessoria oferecida pelo FICAS contou com a participação de 15 projetos apoiados pelo edital da Fundação Tide Setubal.
Acompanhamento técnico, 18 encontros virtuais sobre formação em gestão, dois encontros para avaliação e levantamento de aprendizados, além de 15 horas de atendimentos individuais com cada uma das 15 organizações e coletivos sociais selecionados pelo edital Matchfunding Enfrente Estruturante. Esta foi a trajetória da assessoria oferecida pelo FICAS para a Fundação Tide Setubal, que aconteceu de abril a novembro de 2021.
O edital selecionou iniciativas de periferias brasileiras que, além da formação do FICAS, contam com o acompanhamento da Benfeitoria para realizarem campanhas de financiamento coletivo para viabilizarem seus projetos. O fundo Enfrente Estruturante triplicará o valor arrecadado e as campanhas ainda estão no ar: https://benfeitoria.com/canal/enfrente.
Um dos objetivos da formação em gestão era qualificar o olhar estratégico para o contexto comunitário, incluindo políticas públicas e questões estruturais para que as iniciativas possam gerar mudanças sociais relevantes e duradouras, inclusive com ações articuladas que potencializem as lutas das mais variadas causas.
O conteúdo da formação conduzida pelo FICAS foi dividido em três eixos: Identidade (trajetória, visão de futuro, governança e liderança, mudanças sociais e ferramentas de gestão financeira e planejamento); Articulação (ferramentas de mapeamento comunitário e de análise do contexto, mobilização social, de recursos e comunicação); e Atuação (reflexões sobre as concepções e o sentido do projeto, e ferramentas de monitoramento e avaliação).
“O Enfrente colaborou com a formação da equipe no desenvolvimento das habilidades e competências necessárias para gerir projetos do terceiro setor, bem como na sistematização e monitoramento do projeto em desenvolvimento no seu primeiro ano de existência. Foi muito gratificante participar da formação do FICAS, especialmente pela oportunidade de adquirir novas aprendizagens e compartilhar as experiências de trabalho que possuo com atuações em projetos com diferentes públicos e objetivos. A formação tem contribuído para a execução do projeto, principalmente em relação aos instrumentos que foram compartilhados durante os encontros sobre mudanças sociais, gestão de equipe, planejamento, entre outros“, declara Jussara Jorge, do Projeto AfroAporte, uma das iniciativas do Instituto Cultural Steve Biko.
“Gostaria de destacar as dinâmicas trabalhadas, as atividades em grupo que possibilitaram a interação e integração com os participantes, mesmo em um ambiente virtual, e as atividades que proporcionaram o desenvolvimento da criatividade como os desenhos, as duas últimas sempre fazendo referência ao conteúdo abordado no encontro formativo”, completa a coordenadora do AfroAporte, projeto de fortalecimento social, econômico e articulação de empreendedores negros e negras para o enfrentamento dos desafios de uma economia estruturada pela hierarquia racial e de gênero.
Por conta da pandemia de Covid-19, os momentos formativos foram todos online, consolidando este momento de adaptação da metodologia FICAS para ambientes virtuais. Alguns encontros também contaram com a participação de especialistas no tema abordado, a fim de contribuir com conteúdos atualizados e práticos.
> Conheça: Fundação Tide Setubal e Benfeitoria.
Nova parceria em avaliação com as Católicas pelo Direito de Decidir
FICAS conduzirá processo avaliativo institucional com participação da equipe até maio de 2022.
Teve início em dezembro de 2021 uma assessoria do FICAS para a realização de uma avaliação institucional para a organização Católicas pelo Direito de Decidir. Seguindo a metodologia do FICAS, o processo avaliativo será participativo e coletivo, com formação da equipe em planejamento, monitoramento e avaliação.
O trabalho está previsto para acontecer em três etapas e terminar em maio de 2022. As atividades iniciais serão um aprofundamento sobre a organização a partir da leitura e análise dos materiais disponibilizados, além de escuta junto a todas as áreas e núcleos das Católicas pelo Direito de Decidir. Serão realizadas rodas de conversas virtuais e a elaboração de um relatório com a síntese das percepções e dos resultados das conversas, destacando status, necessidades e expectativas de monitoramento e avaliação.
“O trabalho do FICAS se baseia no desenvolvimento de potencialidades, alinhado com os princípios de educação popular, em especial com o diálogo, a relação horizontal de respeito e o processo de aprendizagem mútua, ressaltados por Paulo Freire. Por isso, acreditamos em uma avaliação participativa, de modo que toda equipe possa se apropriar da metodologia e dos resultados que serão gerados na caminhada“, explica Andreia Saul, idealizadora do FICAS e uma das responsáveis pela assessoria. “Além disso, na nossa visão, é importante que a avaliação seja um processo contínuo, permanente, objetivo e voltado para gerar aprendizagens e o aprimoramento dos profissionais e das ações que estão sendo avaliados”, completa.
A segunda etapa da assessoria, prevista para o final de janeiro, será de construção do processo avaliativo, gerando um significado para o monitoramento e avaliação que seja comum à equipe. Nesta construção, serão definidos o foco, as questões-chaves, os objetivos da avaliação e os procedimentos do processo avaliativo, inclusive, a formação de um grupo orientador. Já na terceira e última fase, acontecerá a coleta de dados e sua análise e interpretação, buscando jogar luzes nas fortalezas e desafios da instituição.
Processos de formação em avaliação, monitoramento e planejamento fazem parte do dia a dia do FICAS, que se dedica a fortalecer organizações similares, associações comunitárias, coletivos e movimentos sociais, tanto na gestão, como na atividade fim. Nestes quase 25 anos, mais de 1000 organizações e 25 mil lideranças, gestoras/es e suas equipes estiveram envolvidas/os, direta ou indiretamente, nessas formações em todo Brasil.
> Conheça o parceiro: https://catolicas.org.br/
Trabalho com a Cruz Vermelha tem foco em programa com pessoas desaparecidas
O objetivo era contribuir para o desenvolvimento de uma estratégia para o fortalecimento de lideranças, coletivos e associações de familiares.
Nos meses de novembro a dezembro de 2021, o FICAS prestou uma assessoria ao Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) no Brasil para seu Programa de Pessoas Desaparecidas e suas Famílias. O objetivo principal foi oferecer elementos para o desenvolvimento de uma estratégia de colaboração do CICV para o fortalecimento das capacidades de lideranças, coletivos e associações de familiares de pessoas desaparecidas.
Dentre as atividades realizadas pelo FICAS, estiveram o mapeamento e a elaboração de um catálogo ampliado dos contatos verificados e atualizados de associações, coletivos e lideranças entre familiares de pessoas desaparecidas no Brasil, principalmente em São Paulo, Rio de Janeiro, Ceará e Roraima.
Também fez parte do trabalho produzir um roteiro de perguntas para nortear o levantamento de informações sobre as atividades que estes atores desenvolvem, além de conduzir um workshop online com estas lideranças e representantes das organizações que atuam nessa causa. O objetivo de ampliar o conhecimento do CICV sobre as lideranças e associações de familiares de pessoas desaparecidas é criar processos participativos que permitam o fortalecimento das suas capacidades e envolvimento no desenvolvimento de políticas públicas.
“As conversas com as lideranças e representantes das associações foram feitas utilizando os princípios metodológicos do FICAS, usado em todos os seus processos de mapeamento, com destaque para a escuta ativa e empática, acolhimento, respeito e vínculo de confiança. Todas as pessoas foram abertas e dispostas a partilhar suas experiências”, explica Patricia Cunningham, membro do Conselho do FICAS e uma das responsáveis pela assessoria. “Esperamos contribuir de alguma forma para o fortalecimento do trabalho com esta causa tão sensível e levar um pouco de esperança para as famílias”, diz.
> Conheça o parceiro: www.icrc.org/pt
FICAS financia formação em economia solidária para coletivo de bolivianas
O objetivo é proporcionar empoderamento econômico ao grupo formado pelas participantes do Programa de Formação de Coletivos de Migrantes e Refugiadas.
Desde setembro de 2021, o coletivo de migrantes bolivianas que se formou no Programa de Formação de Coletivos de Migrantes e Refugiadas está participando de uma formação voltada para a gestão e planejamento administrativo e financeiro a partir da economia solidária. O programa nasceu como uma parceria estratégica entre FICAS, Fundação Avina e Missão Paz, e aconteceu entre 2018 e 2020, com o objetivo de apoiar o desenvolvimento socioemocional e econômico das mulheres.
A formação acontece virtualmente toda quinta-feira à noite e é conduzida pela Centro de Arte e Meio Ambiente – CAMA, organização de Salvador (BA) que tem um histórico de apoio e fomento à economia solidária. Dentre os conteúdo abordados estão: Contextualização e desafios do mundo do trabalho, Economia Solidária, Associativismo, Cooperativismo, Marco Regulatório, Gestão e Planejamento dos Empreendimentos.
O FICAS decidiu oferecer a formação por entender que o grupo está em um momento de decisões importantes para sua estruturação e futuro desempenho como associação ou cooperativa, visando um empreendimento de produção e venda de produtos de costura e a independência financeira das mulheres que vivem muitas vezes situações de exploração no trabalho.
“Acreditamos que essa troca com as mulheres bolivianas é uma oportunidade de compartilhamento de visões de mundo que possibilitam a construção de um mundo melhor, justo e solidário, a partir do trabalho. A cada semana somos todos contemplados/as com o avanço das nossas trocas de saberes, pois a relação de coletivo, respeito e união vem sendo nutrida entre elas. Percebemos que cada uma tem fornecido insumos indispensáveis para uma dinâmica de aprendizado coletiva. Aprendo muito com elas a cada encontro também!”, declara Joilson S. Santana, coordenador de projetos socioambientais e economia solidária do Centro de Arte e Meio Ambiente – CAMA. “Esperamos que logo esse grupo inicie um processo produtivo mais sistêmico, de tal forma que possamos acompanhar o seu desenvolvimento e a troca entre a teoria e a prática. Torcemos para que essa seja mais uma experiência exitosa de economia solidária por meio do protagonismo de mulheres”, completa.
No momento, o grupo já decidiu os produtos em que vão investir: fraldas e absorventes ecológicos, de tecido e reutilizáveis, a fim de oferecer uma alternativa economicamente viável para outras mulheres e também pensando no meio ambiente. O coletivo conta atualmente com cerca de 20 mulheres engajadas e participantes.
“Eu vim da Bolívia em 2003 buscando uma melhor oportunidade de vida e trabalhei muito para poder trazer meus filhos para o Brasil também. Hoje tenho filhos casados e netas que ainda ajudo a cuidar. Saí da oficina de costura porque estava muito cansada e trabalho vendendo na rua”, conta Elena Virginia Salazar, integrante do coletivo. “O Joilson nos ensina como planejar, coordenar e administrar financeiramente uma cooperativa, e também sobre economia solidária. Espero que minhas companheiras também possam deixar o trabalho em oficina de costura para se dedicar a produzir muitas coisas, serem empresárias de seu próprio negócio“, afirma.
Apesar do Programa de Formação de Coletivos não ter acontecido em 2021, o FICAS vem acompanhando a trajetória do coletivo com encontros periódicos com as participantes, a fim de manter o vínculo do grupo e apoiar na busca por alternativas de sustentabilidade como o envio de propostas para editais para financiamento de pequenos projetos do coletivo.
Apoie o programa!
Nosso desejo é seguir acompanhando o fortalecimento do grupo e seus negócios, além de possibilitar a participação de novas turmas. Para contribuir com essa iniciativa, entre em contato com o FICAS: comunicacao@ficas.org.br ou (11) 3045-4313 / (11) 95816-0335.
> Saiba mais sobre nossos programas: https://ficas.org.br/programas/.
Que dia é hoje? Confira a retrospectiva
“Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos”. Este é o início do Artigo I da Declaração Universal dos Direitos Humanos, documento oficializado pela ONU em um dia 10 de dezembro e que transformou a data no Dia Internacional dos Direitos Humanos.
Lutar pelos direitos de todos está no DNA das organizações e, por isso, nada mais especial para encerrar o ano do nosso “Que dia é hoje?”.
> Saiba mais sobre a data e confira a retrospectiva de causas de 2021!